terça-feira, 6 de outubro de 2009

Desabafo

Meus amigos, os únicos, os da época do ensino médio, ou não têm tempo para falar comigo, ou como quase todos eles fizeram, arranjaram outros amigos, mais bonitos, mais divertidos e, provavelmente, mais legais que eu. Estou sozinha novamente. Pensei que esse pesadelo havia acabado, mas ele me perseguia e agora me alcançou. Até meu irmão, a quem, na época que ele ere muito tímido e não tinha amigos, apresentei meus amigos que se tornaram amigos dele também, me abandonou. Ele deixou de ser tímido graças à convivência com meus, digamos assim, ex-amigos, pq eles são bem legais e acho que meu irmão aprendeu que não precisa ter tanto medo de falar. Também era bem mais tímida antes de conhecê-los, antes de ter, pela primeira e talvez última vez na minha vida, amigos de verdade. Ainda continuo sendo bem tímida... Ontem e todas as segundas feiras estou indo ao cinema sozinha (deixo para ir na segunda pq o preço da meia-entrada nesse dia é 3 reais)... Digo pros meus pais que vou com uma amiga, mas na verdade vou sozinha. Meu irmão anda indo ao cinema com os amigos dele. Ele tb foi ontem, mas nem me chamou, estávamos no mesmo shopping no mesmo horário, mas eu nem cheguei a ver ele, nem de longe. Ele sabe como ando sozinha, mas não dá a mínima. Só pode ter vergonha de mim. Percebo que ele tenta sempre ficar longe de mim quando estamos em público. Fazemos uma cadeira juntos na faculdade e ele nunca, nenhuma vez, veio sentar perto de mim e quando chego nele pra falar algo ele fala de modo impessoal, como se não me conhecesse, como se não fossemos sequer amigos. Acho que todos devem ter vegonha de andar comigo, devem querer manter distância da ridícula ambulante. Se eu pudesse eu também ficaria longe de mim, mas a única forma pela qual posso chegar mais perto disso é a morte, mas mais um dos meus defeitos é a covardia. Talvez nesse azar que vivo desde que nasci, morrer seja uma sorte, o que não permitido a uma azarada. Minha auto-estima é tão baixa que nem amigos virtuais eu consigo fazer, nem mesmo no orkut ou no twitter eu tenho coragem de dizer tudo o que penso. Onde estudo tem algumas pessoas que eu gostaria de ter como amigos, eles são poucos e não são perfeitos, mas tê-los como amigos seria uma verdadeira felicidade para mim. O problema é que o recíproco não é verdade. O que eu mais queria ter é coragem e força. Eu me sinto tão triste e não há ninguém com quem conversar, na verdade nunca houve, nunca confiei em ninguém para contar o que sinto... mas pelo menos antes eu tinha com que conversar, nem que fossem bobagens. Nem minha mãe, que antes de eu começar a faculdade de direito, parecia gostar de mim, não dá mais a mínima, nem olha pra mim, só fala comigo para reclamar de algo ou para pôr a culpa em mim por coisas que não tive a mínima participação. Meu pai ainda está doente e os médicos estão suspeitando que a grande quantidade de medicamentos que ele tomou tenham provocado outra doença, ainda mais grave, pois a medula dele não está produzindo hemácias e ele já teve que tomar sangue três vezes, 6 bolsas de sangue ao total. Meu pai é a pessoa que mais gosto e provavelmente a única que gosta de mim. Ele também não tem muito tempo pra mim... não está trabalhando fora, mas fica em casa, na sua mesa de trabalho resolvendo uns processoas e quando se cansa vai deitar... Não gosto muito de falar sobre isso. Me sinto um objeto inanimado onde quer que eu esteja, em casa, na faculdade, no shopping... Acho que não sobreviveria sem os livros que leio, as músicas que ouço e a internet. Ou seja, tudo aquilo que me faz esquecer por alguns instantes quem sou e a vida que levo. Gostaria de ser algum dos personagens dos livros que leio ou algum dos integrantes das bandas que curto. Admiro muito a carreira artística, mais que qualquer outra, pena que, embora não seja nenhuma novidade, eu não tenha nenhum talento para nada disso. Os cantores e escritores que admiro talvez não tenham a mínima idéia que, mesmo não buscando isso, ajudam pessoas como eu a sobreviver, a continuar tendo esperanças de um dia poder ser alguém feliz, embora essa espera provavelmente seja inútil e a esperança seja a maior felicidade que poderei ter. Se pelo menos o G., aquele amiguinho 15 anos mais novo que eu, a quem eu tinha quase como a um filho, não tivesse sido bruscamente arrancado de mim na véspera do meu aniversário de 18 anos, quando ele tinha então três anos e alguns meses, tendo morado aqui em casa desde os três meses... Também não gosto de tocar no assunto, pois ele me traz lembranças felizes que me deixam tristes por não mais existirem. Gostaria de saber o porquê de nosso criador colocar alguém no mundo só para sofrer, se o que dizem é que ele é do bem... Ainda por cima, continuo gorda, mais do que nunca... Talvez não haja solução para mim.